quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Plano de Macrodrenagem é apresentado para moradores, empresários e opinião pública

Objetivo dos estudos é encontrar soluções práticas para conter alagamentos na zona sul de Jaboatão e na lagoa


Auditório da prefeitura lotou durante apresentação do plano de macrodrenagem

Hoje a tarde, a prefeitura de Jaboatão apresentou o plano de macrodrenagem de Jaboatão, como foco no baixo Jaboatão, ou seja, na zona sul do município e na Lagoa Olho D'água, considerada a área mais crítica em alagamento e que concentra 1/3 da população de Jaboatão. E como os moradores não aguentam mais sofrer toda vez que chove, o auditório lotou, viu? Mais de 50 pessoas, entre líderes comunitários, moradores, empresários da construção civil, ambientalistas e opinião pública estiveram presentes.

A explanação do estudo ficou por conta da secretária de desenvolvimento da cidade de Jaboatão, Fátima Lacerda, além dos engenheiros da empresa responsável, Evelyn Schor e Gerson Filho. Esteve presente ainda o secretário de meio ambiente de Jaboatão, Ermírio Rego Baros.

O Diagnóstico 

De acordo com os engenheiros responsáveis, os estudos já diagnosticaram como funciona a dinâmica das águas na região da lagoa e em toda zona sul de Jaboatão. O estudo de macrodrenagem possui mais de 400 páginas e concluiu que grande parte dos alagamentos acontecem porque houve um crescimento desordenado no entorno da lagoa no decorrer das 3 últimas décadas. Gráficos apresentados durante a reunião, mostraram que uma área de mais de 1quilômetro seguindo a margem leste da lagoa, não deveria ter sido ocupada, pois servia como depósito das águas das chuvas durante o inverno.

Outro fator que contribui para os alagamentos é a baixa capacidade dos sete canais que alimentam a lagoa. Todos eles (exceção do Canal de Setúbal) são estreitos, rasos, possuem obstruções e construções irregulares que dificultam o escoamento das águas.

A polêmica em torno da dragagem

Os estudos apontaram ainda que a dragagem da Lagoa Olho D'água não seria a solução para conter os alagamentos, mas apenas no ponto de vista ambiental, para melhorar a qualidade da água e ecossistema da lagoa. Alguns moradores não concordaram e os engenheiros tiveram que explicar.

Os técnicos/engenheiros concluíram que atualmente o fluxo de água que entra na lagoa através do canal olho d'água é controlado naturalmente. Quando o mar está alto, a água entra na lagoa, que sobe  em média 5 centímetros. Considerando que a lagoa possui 40 mil quilômetros quadrados, um volume considerável de água entra na lagoa, mas não chega a prejudicar ou alagar as suas margens.

Desta forma, os técnicos acreditam que se for feita a dragagem, a água do mar retornará para dentro da lagoa de toda forma, deixando o nível do espelho d'água na mesma altura de hoje (sem a lagoa estar dragada). Existe ainda a interferência dos lençóis freáticos, que é menor que a interferência do retorno da maré. 

Qual é a solução apontada?

De acordo com os estudos, a solução para evitar os alagamentos na zona sul de Jaboatão se apóia em 3 pilares básicos:

1 - desocupação de algumas áreas na margem leste da lagoa. Essas áreas ainda não foram definidas e poderiam chegar a uma distância superior aos 100 ou 200 metros inicialmente propostos. Após desapropriadas, o estudo aponta que essas áreas deverão ser transformadas em área de proteção permanente, com o intuito de acumular a água das chuvas durante o inverno. Seriam espécies de reservatórios naturais, na tentativa de compensar a ocupação irregular ao longo das últimas 3 décadas. 

2 - desapropriação das margens dos canais, alargamentos de canais e retirada de obstáculos. Os estudos apontam que a quanto maiores os canais e sem obstáculos, mais água eles poderão acumular durante o inverno, diminuindo os alagamentos e facilitando o escoamento das águas quando não for possível evitar os alagamentos.

3 - alargamento do Canal Olho D'água, o canal que liga a Lagoa Olho D'água ao mar. Esta seria a ação prioritária, pois aumentando a vazão da lagoa para o mar, a água poderia escoar com mais rapidez. Entretanto, esta solução é extremamente complexa, pois seria necessário ainda a implementação de um controle mais elaborado para evitar o refluxo do mar para dentro da lagoa durante maré alta. 

É claro que aliado a todas estas soluções, os estudos apontam ainda a necessidade de investimentos em infraestrutura e saneamento básico.

E qual o prazo para estas ações serem executadas na prática?

De acordo com a secretária municipal de desenvolvimento da cidade, Fátima Lacerda, a prefeitura está trabalhando em parceria com o governo do Estado para achar a solução para os problemas de alagamentos na área - "Este é o primeiro estudo que é realizado em Jaboatão de forma responsável, que visa diagnosticar com precisão como funciona a dinâmica das águas na região. Em outubro ou novembro a empresa nos apresentará os relatórios finais e a partir daí poderemos focar a ações" - disse a secretária, acrescentando que o município não tem como custear todas as ações e será necessário a ajuda do Estado e da União:

"É um projeto grandioso e o município não pode custear sozinho, não temos condições. De posse dos estudos, tanto os da prefeitura, quanto os do governo do estado, vamos buscar financiamentos para começar as obras. O próprio governo do Estado já dispõe de verba para iniciar (R$ 50 milhões). Atualmente estamos executando algumas ações de infraestrutura no local que não vão resolver, mas amenizar muito os problemas" - disse.

Com relação a área de congelamento da lagoa, que proíbe novos licenciamentos para construção de imóveis num raio de 500 metros da lagoa, a secretária pediu um pouco mais de paciência a iniciativa privada - "É interessante para o município os investimentos da iniciativa privada na região da lagoa, mas só podemos aprovar novos empreendimentos  após a apresentação do relatório final, pois teremos as diretrizes com as regras de construção na lagoa. Fiquem tranquilos que não vai demorar. Queremos fazer tudo da forma mais responsável possível" - finalizou.  

O que nosso blog pensa?

Obvio que muito ainda precisa ser discutido para encontrar as soluções, pois os alagamentos na zona sul de Jaboatão e na lagoa são um assunto extremamente complexo, que afeta milhares de pessoas e que merece atenção total dos governos. 

Felizmente, agora o assunto está sendo tratado com seriedade, tanto por parte da prefeitura, quanto por parte do estado. Estes estudos estão quase todos finalizados e em breve teremos respostas para muitas outras perguntas, inclusive início das obras.

Nosso blog vai dar uma trégua até novembro, prazo pedido pela prefeitura e pelo estado para terminar definitivamente todo o diagnóstico. Após esta data, é claro, vamos cobrar um cronograma das obras. Mas fiquem tranquilos, pelo menos por enquanto, pois o processo está sim caminhando e com muita responsabilidade e critério, algo inédito em Jaboatão. Se parar de caminhar, eu aviso e nós voltamos a cobrar e denunciar. 

Em breve estarei disponibilizando o power point da apresentação completa, para que os interessados possam conhecer o resultado dos estudos em detalhe. Continuem acompanhando o blog. 

Um comentário:

DJALMA JUNIOR disse...

Engraçado, foi colocado que a dragagem irá resolver apenas os problemas ambientais, colocando o aspecto ambiental em segundo plano. Resolvendo os problemas ambientais resolvem-se vários outros problemas estruturais e sociais.