sábado, 7 de março de 2009

De volta no tempo: ano 1998

Em 1998 o Jornal do Comércio publicou uma matéria falando sobre a mortalidade de peixes na Lagoa Olho D'Água. Há de anos já se falava da poluição e do assoreamento que só se agravou com o passar do tempo, sem que os órgãos públicos tomassem alguma providência.


Leia a Matéria de 1998, de volta no tempo:



MORTANDADE
Falta de oxigênio na Lagoa Olho D'água mata milhares de peixes


Milhares de peixes surgiram mortos, ontem, na Lagoa Olho D'água, em Jaboatão dos Guararapes. Disputando com os urubus, moradores da região coletaram tilápias, curimãs, saúnas e camorins apodrecidos. De acordo com os pescadores, a mortandade possivelmente foi provocada pela falta de oxigênio na lagoa.

Os pescadores explicam que no verão o nível de água da lagoa diminui. "A carga de esgoto fica mais concentrada e os peixes morrem", esclarece José Antônio dos Santos, 48, pescador há 30, conhecido como Zeca na região.

O nível da água da lagoa, que alcança 1,62 metro no inverno, é de apenas cerca de 0,73 no verão. Zeca lembra que o esgoto, composto de matéria orgânica, consome oxigênio para se decompor. "Com o calor, acaba sobrando menos oxigênio para os peixes", explica.

Zeca lembra que o mesmo fenômeno ocorreu o ano passado. "Todo mês de novembro para dezembro aparece peixe morto", diz Edson Oliveira Dias, 54 anos, que mora em Barra de Jangada e costuma pescar na lagoa.

Para a presidente da Colônia de Pescadores Z-8, do Cabo de Santo Agostinho, Josefa Ferreira da Silva, a solução para o problema é o poder público exigir o tratamento de esgoto dos grandes conjuntos residenciais instalados no entorno da lagoa.

A Lagoa Olho D'água tem 375 hectares de espelho de água e recebe o esgoto de pelo menos quatro conjuntos residenciais de Jaboatão dos Guararapes e também os dejetos dos moradores do local.

De acordo com levantamento da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, há 1.200 pescadores na Lagoa Olho D'água, que recebe de 14 a 16 toneladas de lixo por dia. O manancial tem influência do mar por meio de um canal que liga a lagoa ao estuário dos rios Jaboatão e Pirapama, em Barra de Jangada.

O desastre começou a ser percebido na segunda-feira por moradores e pescadores. "A água foi ficando turva até começarem a aparecer as primeiras tilápias mortas", conta Zeca. A Companhia Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não enviaram fiscais ao local.

Em meio ao mau cheiro, dezenas de pessoas aproveitaram para coletar peixes mortos. "Se a guelra estiver vermelha, não tem problema. É que morreu há pouco tempo", ensina a dona de casa Ilda Maria Dias, 30 anos, que coletou junto com as vizinhas mais de seis quilos.

FONTE JC ON LINE 1998

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