quinta-feira, 15 de julho de 2010

Subúrbio de Jaboatão sofre com falta de infra-estrutura, lixo acumulado e buracos nas vias principais


Diferente de quem vive nas principais vias de Jaboatão, quem mora na periferia não pode contar com serviços públicos de qualidade. Enquanto as Avenidas Bernardo Viera de Melo e Ayrton Senna, por exemplo, são privilegiadas com serviços de tapa buraco, obras de pavimetação, sinalização e limpeza, as vias paralelas e as mais afastadas sofrem com o abandono do pode público.

Um exemplo clássico deste abandono pode ser visto na Av. do Canal (em Piedade). A referida avenida deveria ser uma via paralela a Av. Airton Senna, desafogando o tráfego e ligando prazeres aos bairros de Piedade, Lagoa Olho D’água e barra de Jangada. Mas trafegar por lá é tarefa quase impossível. 

Av. do Canal, em Piedade. repleta de buracos, lama e lixo

Contruída em 2003, com recursos do Governo Federal, a via tem cerca de 3 km, de Prazeres até a Lagoa Olho D’agua. Atualmente, encontra-se em total estado de abandono. E só não está pior por determinação do Ministério público, que no ano passado obrigou a prefeitura de Jaboatão a fazer algo emergencial por lá. Mas o que tem sido feito é menos do que o mínino necessário. Atualmente, milhares de famílias ocupam de forma irregular as margens da via, num processo de ocupação irregular assustador e sem controle. O asfalto que ainda existe está esburacado, a avenida não possui qualquer sinalização e nas calçadas não faltam lixo e entulhos de toda espécie.

Av. Canal, em Piedade. Lixo e entulhos são encontrados em grande quantidade na via

Os moradores reclamam que há mais de 4 anos enormes crateras se formaram no meio da rua, em trechos grandes, mas até hoje a prefeitura nunca esteve lá para consertar. “Quando tem um buraco em outra rua, como na Av. Bernardo Vieira de Melo, o prefeito demora, mas manda consertar. Aqui esse buraco já dura mais de 4 anos e ninguém nunca se preocupou em tampá-lo. Nós valemos menos que o povo da beira mar... e estamos bem pertinho deles” – protesta o aposentado Luiz Almeida.

E o tratamento discriminatório que a prefeitura dá aos cidadãos não é apenas na Av. Beira Canal. Alí bem pertinho, na Av. São Sebastião, no bairro de Jardim Piedade, a situação é parecida: buracos, esgotos entupidos, trânsito caótico e muita sujeira. A limpeza em Jardim Piedade até acontece, mas não é de forma permanente como nos principais corredores. “A prefeitura limpa aqui só quando quer, de vez em quando” – reclama a dona de casa Maria do Socoro.

 Em Jardim Piedade, na Rua São Sebastião, o problema se repete: buracos, galerias
entupidas, água de esgoto acumulada e sujeira.

Já quem mora nas margens da Lagoa Olho D’água a situação é ainda pior. Tantos nas áreas regulares, quanto nas irregulares, a infra-estrutura é zero. Os moradores do Parque Lagoa Olho D’água, em Piedade, já perderam as contas de requerimentos enviados à prefeitura de Jaboatão solicitando uma providência. A comunidade é o retrato do abandono e da discriminação do poder público para com o cidadão – “Na beira mar a prefeitura se preocupa em fazer obras de tapa buraco e tudo mais. Aqui eles ignoram, como se não morasse gente. E nós pagamos nossos impostos em dia, viu?” – reclama uma moradora.

Os acessos à Lagoa Olho D'água estão cada dia piores. Moradores já perderam as 
contas das solicitações que fizeram para a prefeitura de Jaboatão resolver o problema.
Até agora nada foi feito. 
Apesar de ter a segunda maior arrecadação do Estado, prefeitura de Jaboatão afirma que não tem recursos para cuidar da cidade como deveria. Coloca a culpa nas administrações anteriores e no momento vem executando uma política que faz distinção entre bairros nobres (onde existe toda infra-estrutura) e os pobres (onde nada é feito). Apenas após a forte chuva que caiu no Estado, o município saiu em busca de recursos com o Governo Federal. Entregou esboços de projetos para obter financiamentos do PAC 2, que juntos somam mais de 70 milhões de reais. A prefeitura ainda não informou à população se esses recursos foram ou não liberados. 

Enquanto isso, parece que a população das áreas mais carentes terá que continuar a conviver com todos os problemas e com a indgnação de pagar seus impostos, não obter benefícios e ainda ser tratada de forma discriminatória. Em Jaboatão só tem qualidade de vida quem mora em área nobre. E olhe lá...

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