terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Jaboatão: uma cidade sem saídas

Ruas obstruídas por invasões são um problema antigo do município, que atrapalha a mobilidade e promove desigualdades sociais

 Na Rua Jangadeiro, em Candeias, onde deveria ser a continuação da rua existe uma borracharia.
Por trás, centenas de ocupações irregulares
 .
Andar nas ruas de Jaboatão não é tarefa fácil. Além da falta de infraestrutura e esgoto a céu aberto, os moradores  precisam conviver com outra dura realidade: ruas sem saída, que foram obstruídas por construções irregulares.

As invasões e obstruções de ruas em Jaboatão são um problema antigo. Sem fiscalização, esse tipo de ação vem crescendo no município e se tornando um grave problema social e de mobilidade  urbana.

No Bairro de Candeias, duas ruas principais são um exemplo clássico de como uma rua é invadida sem que o poder público intervenha. As ruas Aniceto Varejão e  Jangadeiro são interrompidas praticamente na metade. Onde deveria ser rua, casas foram construídas, atrapalhando a continuação das vias.

A manicure Ana Paula conhece bem este problema.  Ela mora na Rua Joaquim Marques de Jesus, em Piedade, outra rua sem saída. A referida Rua tem início na Av. Bernardo Vieira de Melo e deveria seguir até a Lagoa Olho D'água, mas  é interrompida por invasões 300 metros após seu início - "Essa situação é horrível. As pessoas estão invadindo o espaço publico. A solução depende da prefeitura, que não faz nada". Esta cidade é uma bagunça - reclama. 

 Lagoa Olho D'água sem acesso

Imagine morar num lugar sem infraestrutura e com difícil acesso. Esta é a situação de mais de 100 mil pessoas que vivem nas proximidades da Lagoa Olho D'água. Até mesmo quem vivem em loteamentos regulamentados pela prefeitura enfrenta este problema.

O advogado Talvanes Cavalcante, mora no Loteamento Parque Lagoa Olho D'água, em Piedade,  há 8 anos. Está em situação regular e acha um descaso a falta de acesso a sua residência - "Não ter acessos decentes é terrível. Atrapalha bastante a minha vida. Para chegar em casa preciso passar por ruas precárias e alagadas. Deixo de fazer muitas coisas porque não tenho condições de colocar meu carro dentro desses buracos com tanta freqüência. Se a prefeitura abrisse a Rua Aniceto Varejão seria excelente para todos daqui" - sugere. 

Em situação parecida vive a cabeleireira Rosinha. Ela também mora em uma rua sem saída, a Rua Iguatemi, em Candeias, bem perto ao Conjunto Habitacional Dom Hélder - "Minha rua deveria ter ligação com o Conjunto Dom Hélder, mas foi invadida. A passagem se resume a 2 becos. Acho essa situação muito ruim, pois minha casa ficou desvalorizada. Para entrar com o carro, tenho que passar pelo que sobrou da Rua Jangadeiro, que também foi invadida, logo na entrada do Dom Hélder" - reclama. 

A arquiteta urbanista, Bárbara Tenório, explica que é difícil desenvolver algumas regiões se não existir acessos que possibilitem a mobilidade da população - "Essa situação favorece a desigualdade entre as regiões, acentuado as diferenças sociais" - explica.


A prefeitura de Jaboatão reconhece que o problema de invasão de ruas é antigo. No caso da Lagoa Olho D'água, já foram anunciadas algumas ações para melhorar a acessibilidade. A prefeitura promete que até julho deste ano estará iniciando as obras para abertura da Rua Aniceto Varejão até a lagoa.





1- Rua Governador Miguel Arraes - deveria seguir margeando a lagoa, mas foi obstruída por uma invasão, na margem da lagoa.


2 - Rua Joaquim Marques de Jesus - está obstruída por construções irregulares. Seu traçado regular termina pouco depois da Av. Ayrton Senna;


3 - Rua Aniceto Varejão - deveria ser um principal acesso a Lagoa Olho D'água, mas foi obstruída por residências irregulares. Onde deveria ser a continuação da rua, existe também um canal;


4 - Rui Jangadeiro - também deveria seguir até a Lagoa Olho D'água, mas foi interrompida na altura do Conjunto Dom Hélder.


5 - Rua João Fragoso de Medeiros - deveria ser o principal acesso direto ao Dom Hélder, mas foi interrompida. No lugar onde deveria ser a rua, hoje existe a comunidade das Carolinas;


6 - Rua Aníbal Ribeiro Varejão - também foi interrompida pela comunidade das Carolinas.



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