Por Luiz Carlos Matos
O Complexo Industrial portuário de Suape, situado na Nucleação Sul da Região Metropolitana do Recife, firma-se em terras dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca.
Sua concepção foi definida na segunda metade da década de 70, tendo recebido, ao longo dos últimos trinta anos, investimentos de sucessivos governos estaduais. Não obstante todo esse tempo de existência, na última década, via grandes investimentos governamentais e privados, é que sua operacionalização tem se consolidado. Dentre as mais 90 empresas instaladas, destacam-se o Estaleiro Atlântico Sul, a Refinaria Abreu e Lima e o Pólo Petroquímico, que têm uma significativa repercussão econômica, não só nos municípios onde o complexo está inserido, como também nos seus arredores.
Em vista disso, foi concebido o TERRITÓRIO ESTRATÉGICO DE SUAPE, compreendendo os seguintes municípios: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, JABOATÃO DOS GURARAPES, Moreno e Escada. Os dois primeiros são considerados territórios de influência direta; os demais, de influência indireta.
O município de Jaboatão dos Guararapes, mesmo considerado de influência indireta, pode ser entendido como um pólo privilegiado no contexto do Território Estratégico de Suape. A proximidade geográfica com o porto, sua malha viária, a oferta de bens de serviço e comércio e sua delimitação, ao norte, com a capital do Estado, são fatores determinantes para colocá-lo num patamar especial.
O reflexo deste cenário será, a curto prazo, a busca no território jaboatonense de novas moradias, de mão-de-obra qualificada, de fornecedores de materiais e equipamentos, implantação de novos empreendimentos e oportunidades de negócios.
A lei da “oferta e procura” está na ordem do dia. Sente-se , atualmente, uma clara e crescente busca dos imóveis na área costeira de Piedade e Candeias. A valorização dos terrenos lindeiros da BR-101 Sul já é um fato. A aprovação, pelo governo federal, para a implantação do nada mais é do que um reflexo das atividades portuárias. Além do mais, a empregabilidade do trabalhador de Jaboatão teve um elevado nível, em função dos programas estaduais de capacitação, realizados pelo Promimp.
Em paralelo, ações do governo estadual, visando a fortalecer a infraestrutura de SUAPE, têm tido reflexos diretos no próprio tecido urbano do município, com destaque para: melhoria de capacidade da Estrada da Batalha, implantação do sistema viário do Projeto Paiva, funcionamento da Escola Técnica Estadual e a ampliação do sistema de abastecimento d’água do Pirapama.
Não obstante enxergarmos reflexos positivos de Suape, é importante salientar que esses são mais sentidos na faixa costeira do município de Jaboatão dos Guararapes. Ou seja, seu interior fica cada vez mais distante de um processo de desenvolvimento tão desejado.
É fato, por exemplo, a ausência de investimentos públicos e conseqüente forte empobrecimento do Distrito de Jaboatão Centro. Distrito rico em história, em tradição, berço das grandes discussões políticas municipais, atualmente, encontra-se num processo de isolamento das ações voltadas para um desenvolvimento sustentável. É imprescindível que atitudes sejam tomadas agora, para que Jaboatão Centro não perca o “andar da carruagem”.
O governo do Estado, por intermédio do Projeto Suape Global, vem estimulando os municípios situados no seu território estratégico a implantarem suas próprias ações de desenvolvimento, visando a atender a demanda gerada pela cadeia produtiva, resultante dos empreendimentos existentes e que estão por vir. É uma oportunidade ímpar para que as autoridades municipais ajam. As orientações técnicas já estão descritas no próprio Plano Diretor Municipal, em que fica determinada a implantação da “Macrozona Especial de Desenvolvimento Produtivo”, ao longo da rodovia Eixo de Integração, onde deverá ser incentivado o uso industrial de pequeno e médio porte e de serviços de apoio à produção, procurando priorizar investimentos geradores de um maior número de emprego possível. A desapropriação de terras, pelo poder público municipal, é de fundamental importância. A interiorização do desenvolvimento é necessária. Outros municípios o fizeram. Jaboatão não pode parar.
Luiz Carlos Matos
Foi Vice-Prefeito e presidente da Câmara de Jaboatão dos Guararapes. Atualmente, é Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Ipojuca.
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