Após quase quatro anos de desativação do antigo Lixão da Muribeca (agosto de 2009), em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, a discussão sobre o tratamento do chorume está com os dias contados. O prazo para o início do tratamento, 1º de maio, foi apresentado pelos representantes da Prefeitura do Recife, que gerenciava o antigo lixão, em reunião realizada na CPRH, na tarde desta terça-feira (16).
O chorume, líquido altamente poluente originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos depositado em lixões e aterros sanitários, será processado na Central de Tratamento de Resíduos (CTR Candeias), localizado próximo ao antigo lixão, às margens da Estrada da Integração, no bairro da Muribeca.
O chorume será bombeado para tratamento na CTR-Candeias, que tem capacidade instalada para receber 12 mil litros diariamente. Até a instalação da canalização não haverá despejo no rio Jaboatão, que desemboca nas praias de Barra de Jangada e Paiva. Todo o chorume ficará acumulado em lagoas de estabilização.
O plano de intervenções para o antigo lixão, que inclui o aproveitamento do biogás, deverá ser enviado à CPRH até esta sexta-feira (19.04). A expectativa é que na próxima terça-feira (23) o projeto esteja concluído e possa ser encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) até o dia 26 de abril. A solução atende recomendação de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o MPPE, o governo de Pernambuco, as duas prefeituras e a Emlurb assinado ainda em 2008.
Engenheiro e ambientalista, o gerente de Planejamento da Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, Rodolfo Aureliano, está confiante na solução, que ressalta não podia ser adiada, em razão do forte impacto ambiental que o lixão ainda provoca, ao liberar 7m³/hora de chorume, o equivalente a 150m³/dia e a cerca de 60 mil m³/ano.
“É como se um estádio de futebol do porte da Ilha do Retiro cheio de chorume fosse derramado ao longo do ano no rio Jaboatão, que desemboca nas praias de Barra de Jangada e do Paiva”, adverte Aureliano, lembrando que a carga poluente do chorume é dez vezes maior que a do esgoto doméstico. Segundo o ambientalista, a vida natural está completamente comprometida desde as imediações do lixão até a foz. Além disso, são muitos os problemas causados aos pescadores e à população ribeirinha.
LIXÃO DA MURIBECA
Fechado em agosto de 2009, o Lixão da Muribeca, que era uma dos maiores do Brasil e da América do Sul, funcionou durante mais de duas décadas nas margens da Estrada da Integração, no bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. Apesar de estar localizado em Jaboatão dos Guararapes, era gerenciado pela Prefeitura do Recife.
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