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JOSÉ AMBRÓSIO
Um dos concorrentes ao Palácio da Batalha, sede do Governo Municipal de Jaboatão dos Guararapes, município que tem a segunda economia de Pernambuco, o deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT) assimilou a escolha dos eleitores e vem colaborando com a administração do prefeito Elias Gomes (PSDB). Nesta entrevista exclusiva ao jornal Tribuna Popular ele define a gestão como sendo muito operativa, fala sobre sua atuação em favor do município e critica os parlamentares que, como destaca, apenas buscam os votos dos eleitores. “...Muita gente faz campanha na cidade, fecha dobradinhas, leva milhares de votos e depois desaparece, exatamente porque seus votos foram obtidos com muito dinheiro.”
JORNAL TRIBUNA POPULAR - Um ano após as eleições municipais de 2009, como avalia a escolha feita pelos eleitores jaboatonenses, tendo sido o senhor um dos candidatos ao Palácio da Batalha?
PAULO RUBEM - Vejo a gestão de Elias muito operativa. As iniciativas, as conferências, os projetos apresentados ao Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, embora e inexplicavelmente sem atendimento do Ministério das Cidades, são exemplos desse caráter operativo. Pretendo parabenizá-lo especialmente pela iniciativa junto aos catadores e aos processos de reciclagem. Na campanha passada, visitei mais de 100 depósitos de reciclagem e fui ao chamado Aterro de Muribeca. Vou ajudar a administração a buscar recursos no Programa Federal de Reciclagem.
TP - O senhor é considerado por muitos um parlamentar atuante, que tem trabalhado para garantir recursos para o município. Enxerga esse desempenho em outros parlamentares com base eleitoral em Jaboatão, estejam eles em Brasília ou na Assembléia Legislativa?
PR - Tenho certeza que nosso mandato vem desde 1998 sendo aquele que mais destaca Jaboatão no cenário político estadual e nacional. Muita gente faz campanha na cidade, fecha dobradinhas, leva milhares de votos e depois desaparece, exatamente porque seus votos foram obtidos com muito dinheiro. Mas quem tem se preocupado com as quase 15 mil pessoas vivendo em áreas com risco de morte por desabamento dos morros, com os catadores, com a saúde, com o patrimônio cultural, quem dialogou com Mirtes e Elias e foi para a assembléia dos professores durante a greve fomos nós. Conseguimos mais de R$ 1 milhão para os Hospitais Memorial Guararapes e de Jaboatão. Conseguimos mais de meio milhão de reais para a construção de um Centro de Educação Infantil.
TP – Há parlamentares sobre os quais mal se ouve falar. O senhor vê nisso despreparo, omissão, pouco caso ou descaso mesmo para com os eleitores e o município?
PR - Acho que ainda há muita gente que se elege e cuida mais de seus interesses pessoais e/ou empresariais. Não se pode aceitar isso pacificamente. Mandato é para fazer leis, melhor dividir os recursos públicos e lutar pela superação das desigualdades nacionais, regionais e locais. Temos isso em nossa cidade. Quem mora nos Morros de Cavaleiro, nos Altos da Vila Rica, nos engenhos, não desfruta do mesmo nível de renda e segurança habitacional em relação às famílias que vivem na orla. É preciso olhar para essas diferenças e agir.
TP – Quais os grandes problemas de Jaboatão que podem ser solucionados com a ação das bancadas estadual e federal?
PR - Vejo que os mais urgentes são no campo da infraestrutura social. Jaboatão tem imensas áreas habitacionais com risco nos morros, com urbanização precária, como se vê em várias comunidades do Eixo da Integração de Muribeca. Como exemplo, a Vila dos Palmares, junto de Muribeca dos Guararapes. Há enorme déficit de vagas na rede pública, sobretudo pela prática velha, que existiu por anos e anos, de se gastar dinheiro público com escolas comandadas por vereadores. Foram nossas denúncias ao TCE que, depois, levaram o Ministério Público a acabar com essa anomalia educativa.
TP – O prefeito Elias Gomes tem demonstrado habilidade no trato com as bancadas para conseguir esses apoios?
PR - Elias tem experiência administrativa e parlamentar. Enfrenta problemas pela baixa taxa de investimentos no orçamento municipal e pela crônica carência social e urbana da cidade. O governador Eduardo Campos toca uma obra importante na Estrada da Batalha, mas a cidade precisa de mais verbas estaduais e federais para a habitação e o saneamento. Tínhamos uma emenda de R$ 1 milhão para construção de casas populares pelo Estado na comunidade de Comporta. No entanto, o projeto não foi concluído em tempo hábil pela Secretaria das Cidades e os recursos não foram liberados.
TP - O senhor tem conseguido aprovar emendas parlamentares para Jaboatão. Há novidades que jpossam ser anunciadas?
PR - Sim. No domingo passado, comunicou-me a Secretária de Saúde que nossas verbas para a construção de uma Policlínica finalmente foram liberadas, pois já estavam empenhadas. A proposta original seria no Curado IV. Vamos confirmar isso. Vamos comemorar essa conquista para a saúde da população. Estão empenhados agora R$ 1,8 milhão que a Secretaria Estadual de Assistência Social aplicará em Centros de Inclusão Produtiva. Jaboatão está incluído nesses projetos. A emenda da bancada estadual para 2010 que defendi e assinei será negociada com a UPE para que a universidade instale cursos de graduação na cidade, os primeiros públicos e gratuitos em nossa história. Já estamos pedindo audiência ao Reitor, Professsor Carlos Calado, para tratarmos disso.
TP – O senhor vai disputar a reeleição não mais pelo PT, e sim pelo PDT, um partido de menor dimensão. Será uma campanha difícil?
PR - Bem, campanha fácil nunca tive. Sai do PT em 2007, vencemos em 2009 um processo desnecessário de cassação no TSE, proposto pelo PT nacional. Estamos com o mandato atuando em várias áreas e tenho certeza que vamos fazer uma campanha com propostas e prestação de contas muito importantes para a população da cidade, do estado e do país. Temos muitos resultados a serem analisados pela população.
JOSÉ AMBRÓSIO
ambrosio@jornaltribunapopular.com
Uma administração de faz de conta, de muito marketing e pouca ação. É assim que o deputado estadual André Campos (PT) analisa o primeiro ano da gestão de Elias Gomes (PSDB) à frente da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes.
Segundo colocado na disputa pelo Palácio da Batalha, sede do Governo Municipal, e em campanha para renovar o mandato de deputado, André Campos afirma não ver qualquer acerto na administração.
“É uma administração que não mostrou nada de concreto para o povo de Jaboatão. Elias faz muita espuma, muito marketing. A administração dele se resume a pintar meio-fio e faixas de trânsito”, diz, avisando que a trégua já acabou e definindo Elias Gomes como sendo um Newton Carneiro moderno.
Confira a entrevista concedida ao jornal Tribuna Popular, via e-mail.
TRIBUNA POPULAR – Como o senhor avalia o primeiro ano da administração do prefeito Elias Gomes?
André Campos – É uma administração que não mostrou nada de concreto para o povo de Jaboatão. Elias faz muita espuma, muito marketing. A administração dele se resume a pintar meio-fio e faixas de trânsito.
TP – Em quais áreas considera que houve mais falhas?
André Campos – A buraqueira continua. Cadê as obras de contenção do avanço do mar? O Cine Teatro Samuel Campelo continua fechado. Não existe obra da Prefeitura em andamento. A Saúde e a Educação continuam do mesmo jeito da administração de Newton Carneiro.
TP – O senhor vê algum acerto?
André Campos – Não.
TP – O que o senhor não teria feito de jeito nenhum se fosse o senhor o prefeito?
André Campos – Não teria trazido tanta gente de fora para trabalhar em Jaboatão. É gari do Cabo, professor de Moreno, cargos comissionados do Recife. Esse pessoal recebe o salário em Jaboatão e gasta em outra cidade.
TP – Ao fazer um balanço do primeiro ano, no final do ano passado, o prefeito Elias Gomes disse ao jornal Tribuna Popular que conversa com todas as forças políticas do município. Admitiu que com alguns o diálogo ainda não é o esperado e ressaltou que “a esses a população saberá julgar.” Como o senhor analisa essa declaração, uma vez que emergiu das urnas como principal opositor, ao ficar em segundo lugar na disputa pelo Palácio da Batalha?
André Campos – Elias é um marketeiro. É um Newton Carneiro moderno.
TP – O senhor considera que tem feito o possível por Jaboatão dos Guararapes?
André Campos – Vem de muito tempo o nosso trabalho em favor dos jaboatonenses. Tive o reconhecimento quando em 2004 fui eleito o vereador mais votado do município e o primeiro na história do PT. Lutei e muito por obras dos governos federal e estadual que hoje acontecem em Jaboatão. Como exemplos cito a construção de um novo mercado público em Cavaleiro, o projeto de dragagem e urbanização da Lagoa do Nautico e o alargamento e construção de viadutos na Estrada da Batalha. Além da construção de três UPAs – Unidades de Pronto Atendimento à Saúde. No campo histórico e cultural, o governador Eduardo Campos sancionou a lei de minha autoria elevando a Festa da Pitomba em Patrimônio Imaterial de Pernambuco. Tenho feito do meu mandato uma permanente bandeira de luta na defesa dos jaboatoneneses.
TP – Durante todo o ano passado o senhor pouco se pronunciou acerca da administração de Elias Gomes. A trégua já tem prazo para terminar?
André Campos – Já terminou. É uma administração de marketing como eu já disse. Mais de um ano de administração e não se vê uma obra da Prefeitura.
TP – 2010 é ano eleitoral. O senhor buscará a reeleição à Assembléia Legislativa ou pensa em retomar a representação federal da família Campos interrompida com o falecimento de seu irmão, deputado federal Carlos Wilson?
André Campos – Vou tentar renovar o mandato de deputado estadual, prosseguindo com o trabalho que venho desenvolvendo na busca do desenvolvimento do estado, da geração de empregos, da valorização do turismo, dos esportes, procurando melhorar a qualidade de vida dos pernambucanos. Carlos Wilson foi e será sempre uma referência na minha caminhada na vida pública. Honrarei sempre o seu ideário e seus compromissos com a nossa gente. No futuro, quem sabe, poderei cogitar o mandato de deputado federal.
TP – O que é preciso se fazer por Jaboatão o mais rápido possível?
André Campos – As dificuldades são muitas. Precisa acabar o faz-de-conta da Prefeitura, iludindo a população. O povo cobra obras de calçamento de ruas, de saneamento. Foram promessas de campanha. Parece que caíram no esquecimento. Na área da saúde e da educação, as carências permanecem gritantes. Ninguém vê uma ação concreta da Prefeitura.
TP – Como o senhor vê a atuação da Câmara Municipal de Jaboatão?
André Campos – Quem tem que julgar a atuação da Câmara é o povo de Jaboatão. Agora tem que se observar que o legislativo é um poder castrado, limitado, não pode, por exemplo, legislar sobre matéria financeira e tributária.